Estudo sobre o uso de medicamentos de apelo popular para tratamento da COVID-19 sem evidência científica
DOI:
https://doi.org/10.53660/CLM-618-682Palavras-chave:
COVID-19; Uso Racional de Medicamentos; Kit-Covid; InfodemiaResumo
O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência do uso de medicamentos de apelo popular para tratamento da COVID-19 sem respaldo científico, bem como a percepção de risco da população aos efeitos colaterais e potenciais interações medicamentosas. Trata-se de um estudo observacional transversal quantitativo, realizado com a população em geral, alfabetizada e com acesso à internet, através de um questionário online autoaplicado disseminado por mídias sociais. Das 497 respostas obtidas, a maioria (84,9%) afirmou ter recebido algum tipo de informação sobre o “kit-covid”, sendo as fontes internet e whatsapp as mais citadas. Do total, 55,7% declararam não acreditar no tratamento precoce e o restante se dividiu igualmente entre acreditar total ou parcialmente. Dos que se auto medicaram contra a COVID-19 (22,3%), a maioria utilizou ivermectina, seguido de hidroxicloroquina e vitamina D. Ainda, 17 interações medicamentosas foram encontradas. Conclui-se que por diversos motivos, a população se expôs a diferentes fármacos não comprovados pela ciência para tratar ou prevenir a infecção de COVID-19, resultando em risco de desenvolver reações adversas desnecessárias e potenciais interações medicamentosas.
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