Reforma do Ensino Médio e Gestão Escolar da escola pública em Minas Gerais: que parâmetros?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.53660/CLM-141-158

Palavras-chave:

Ensino Médio, Educação Profissional, Trabalho docente, Gestão educacional, Qualidade do ensino

Resumo

O presente artigo propõe uma reflexão a partir dos resultados de uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo de abordagem qualitativa-descritiva que se encontra em desenvolvimento cujo objeto de estudo é o projeto proposto pelo governo do estado de Minas Gerais voltado à implementação da reforma do Ensino Médio instituída pela Lei Federal no. 13.415 de 16 de fevereiro de 2017. Baseada na noção de qualidade, a reforma proposta coloca centralidade na flexibilização curricular e no aumento da carga horária mínima para 1.000 horas anuais (frente às atuais 800 horas). Nessa perspectiva, o governo mineiro propõe uma forma de gestão por ele denominada compartilhada a ser desenvolvida, através de um projeto que recebeu o nome de SOMAR. Cabe ressaltar que essa forma de gestão será compartilhada com as chamadas Organizações da Sociedade Civil (OSC) sem fins lucrativos. Além do caráter reducionista da proposta da reforma que estabelece uma relação direta entre os problemas da qualidade do ensino, currículo e carga horária, a proposta desconsidera a influência das desigualdades sociais que afetam as trajetórias escolares da juventude brasileira. Nesse sentido, há que se considerar a transferência de recursos públicos para a iniciativa privada e as mudanças nas relações de trabalho que tendem a se precarizar, sobretudo, considerando o trabalho docente e o trabalho do gestor à medida que, ao transferir a gestão de três escolas para as OSC, confere a elas a prerrogativa de contratar pessoal.  

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Biografia do Autor

Iracema Cusati, UPE/Universidade de Pernambuco - Campus de Petrolina

Licenciada e Bacharel em Matemática pela Universidade Federal de Viçosa (1992), Mestre em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (1999) e Doutora na área de Didática, Teorias de Ensino e Práticas Escolares pela Faculdade de Educação da USP (2013). Pós-doutora em Investigação e Docência Universitária pelo Instituto de Educação Superior Latinoamericano (2021). Professora Adjunta do Colegiado de Matemática da Universidade de Pernambuco - UPE Campus Petrolina e Professora Permanente dos Programas de Pós-Graduação em Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares (PPGFPPI) - Mestrado Profissional da UPE e em Educação Matemática e Tecnológica (PPGEdumatec) - Mestrado e Doutorado da UFPE. Tem experiência na área de Educação atuando principalmente nos seguintes temas: História da Educação Matemática, Aprendizagem Matemática, Avaliação Educacional, Docência no Ensino Superior, Educação Integral, Formação de Professores para a Diversidade Cultural e Educação a Distância. Atualmente desenvolve estudos e pesquisas com ênfase em Didática da Matemática, Formação de Professores na perspectiva decolonial e em Políticas Públicas para a Educação Superior na América Latina. Avaliadora ad hoc de Cursos e de Instituições de Educação Superior (BASIs/INEP/MEC). Membro do Conselho Editorial da Editora Ibero-Americana de Estudos em Educação (EIEE) e membro afiliado da Rede CpE. Atua como Parecerista ad hoc em eventos científicos da FEA/USP nas áreas de Matemática e Educação.

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Publicado

2022-02-15

Como Citar

Cusati, I., dos Santos, N. E. P., & Cusati, R. C. . (2022). Reforma do Ensino Médio e Gestão Escolar da escola pública em Minas Gerais: que parâmetros?. Concilium, 22(1), 391–403. https://doi.org/10.53660/CLM-141-158

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