Prevalência de determinados tipos de câncer na população e o uso de agrotóxicos no Estado de Mato Grosso do Sul: uma conexão?

Autores

  • Luciana Virgili Pedroso Garcia Universidade Anhanguera/Uniderp
  • Ademir Kleber Morbeck de Oliviera Universidade Anhanguera/Uniderp
  • Rosemary Matias Universidade Anhanguera/Uniderp

DOI:

https://doi.org/10.53660/CLM-403-516

Palavras-chave:

Contaminação ambiental, Saúde humana, Neoplasias

Resumo

Os agrotóxicos são apontados como os principais poluentes ambientais e são relacionados a diversos efeitos prejudiciais à saúde humana, podendo provocar o desenvolvimento do câncer, sendo mais comuns os hematopoiéticos, hormônio-dependentes e gastroesofágicos. Este trabalho objetiva apontar os principais tipos de neoplasias malignas que acometeram a população no estado de Mato Grosso do Sul no período entre 2015 e 2019, relacionando-os com a exposição aos agrotóxicos utilizados na região. As informações sobre o número de casos de câncer que acometeram a população foram obtidas no banco de dados do TabWin – DATASUS e por meio de pesquisa em prontuários nos serviços de referência oncológica do estado, Santa Casa de Campo Grande e Hospital do Câncer Alfredo Abraão. Os resultados identificaram quatro principais tipos de câncer, sendo eles: de pele, mama, intestino e próstata, com estudos publicados sugerindo que esses tipos de câncer podem estar diretamente relacionados à exposição a agrotóxicos

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALAVANJA, M. C.; SANDLER, D. P.; MCMASTER, S. B.; ZAHM, S. H.; MCDONNELL, C. J.; LYNCH, C. F.; PENNYBACKER, M.; ROTHMAN, N.; DOSEMECI, M.; BOND, A. E.; BLAIR, A. The agricultural health study. Environmental Health Perspectives, Durham, v. 104, n. 4, p. 362-369, 1996.

ALBERTS, B.; BRAY, D.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WALTER, P. Fundamentos da biologia celular: uma introdução à biologia molecular da célula. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. 757p.

BOCCOLINI, P. M.; BOCCOLINI, C. S.; CHRISMAN, J. R.; MARKOWITZ, S. B.; KOIFMAN, S.; KOIFMAN, R. J.; MEYER, A. Pesticide use and non-Hodgkin's lymphoma mortality in Brazil. International journal of hygiene and environmental health, Jena, v. 216, n. 4, p. 461-466, 2013.

BYLER, S.; GOLDGAR, S.; HEERBOTH, S.; LEARY, M.; HOUSMAN, G.; MOULTON, K.; SARKAR, S. Genetic and Epigenetic Aspects of Breast Cancer Progression and Therapy. Anticancer Research, Attiki, v. 34, n. 3, p. 1071–1077, 2014.

CASONATO, L. O papel do agronegócio no crescimento econômico sul-mato-grossense à luz do modelo de Solow. Revista de Economia Agrícola, São Paulo, v. 60, n. 1, p. 31-39, 2013.

CONTARDO-JARA, V.; KLINGELMANN, E.; WIEGAND, C. Bioaccumulation of glyphosate and its formulation Roundup Ultra in Lumbriculus variegatus and its effects on biotransformation and antioxidant enzymes. Environmental Pollution, Rio de Janeiro, v. 157, n. 1, p. 57-63, 2009.

COOPER, G. M. A Célula: uma abordagem molecular. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002. 712p.

COUTINHO, C. F. B.; TANINOTO, S. T.; GALLI, A.; GABERLLINI, G. S.; TAKAYAMA, M.; AMARAL, R. B.; MAZO, L. H.; AVACA, L. A.; MACHADO, S. A. S. Pesticidas: Mecanismo de ação, degradação e toxidez. Pesticidas: Revista Ecotoxicologia e Meio Ambiente, Curitiba, v. 15, [s. n.]. p. 65-72, 2005.

CURVO, H. R. M.; PIGNATI, W. A.; PIGNATI, G. Morbimortalidade por câncer infanto juvenil associada ao uso agrícola de agrotóxicos no estado de Mato Grosso, Brasil. Cadernos de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 1, p. 10-17, 2013.

DATASUS. Departamento de Informática do SUS. Brasília, 2020. [online]. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sih/cnv/ nrMS.def>. Acesso em: 09 ago. 2020.

DOLAPSAKIS, G.; VLACHONIKOLIS, I. G.; VARVERIS, C.; TSATSAKIS, A. M. Mammographic findings and occupational exposure to pesticides currently in use on Crete. European Journal of Cancer, Oxford, v. 37, n. 21, p. 1531-1536, 2001.

FAGUNDES, M. B. B.; GIANETTI, G. W.; OLIVEIRA, D. V.; DIAS, D. T.; SILVA, L. C. Desenvolvimento Econômico do Estado de Mato Grosso do Sul: uma análise da composição da balança comercial. Revista Desenvolvimento em Questão, Ijuí, v. 15, n. 39, p. 112-140, 2017.

FERREIRA, J. D.; COUTO, A. C.; POMBO-DE-OLIVEIRA, M. S.; KOIFMAN, S. In utero pesticide exposure and leukemia in Brazilian children < 2 years of age. Environmental Health Perspectives, Durham, v. 123, n. 2, p. 269- 275, 2013.

FONSECA, J. S.; MARTINS, G. A. Curso de Estatística. 5ed. São Paulo: Atlas, 1994. 540p.

HESS, S. C. Ensaios sobre poluição e doenças no Brasil. São Paulo: Expressões, 2018. 344p.

IAGRO. Agência Estadual de Defesa Sanitária e Animal. Agrotóxicos. Campo Grande, 2015. [online]. Disponível em: <https://www.iagro.ms.gov.br/agrotoxicos-2/>. Acesso em: 10 jul. 2020.

IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis. Relatórios de comercialização de agrotóxicos. Brasília, 2020. [online]. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/agrotoxicos/relatorios-de-comercializacao-de-agrotoxicos# boletins anuais>. Acesso em: 18 nov. 2020.

INCA. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2019. 120p.

JAGA, K. What are the implications of the interaction between DDT and estrogen receptors in the body? Medical Hypotheses, Penrith, v. 54, n. 1, p.18-25, 2000.

KOIFMAN, S.; KOIFMAN, R. J.; MEYER, A. Distúrbios do sistema reprodutivo humano e exposição a agrotóxicos no Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 18, n. 2, p. 435-445, 2002.

KOIFAMAN, S.; HATAGINA, A. Exposição aos agrotóxicos e câncer ambiental. In: PERES, F.; MOREIRA, J. C. (Orgs.). É veneno ou e remédio? agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. p. 75-99.

KOLLER, V. J.; FÜRHACKER, M.; NERSESYAN, A.; MIŠÍK, M.; EISENBAUER, M.; KNASMUELLER, S. Cytotoxic and DNA-damaging properties of glyphosate and Roundup in human-derived buccal epithelial cells. Archives of Toxicology, Berlin, v. 86, n. 5, p. 805-813, 2012.

LEITE, M. L.; COSTA, F. F. Epigenômica, epigenética e câncer. Revista Pan Amazônica de Saúde, Ananindeua, v. 8, n. 4, p. 23-25, 2017.

LO. A. C.; SOLIMAN, A. S.; KHALED, H. M.; ABOELYAZID, A.; GREENSON, J. K. Lifestyle, occupational, and reproductive factors and risk of colorectal cancer. Diseases of the Colon and Rectum, Philadelphia, v. 53, n. 5, p. 830-837, 2010.

MACLENNAN, P. A.; DELZELL, E; SATHIAKUMAR, N.; MYERS, S.L.; CHENG, H.; GRIZZLE W.; CHEN, V.W.; WU, X.C. Cancer incidence among triazine herbicide manufacturing workers. Journal of Occupational and Environmental Medicine, Hagerstown, v. 44, v. 11, p. 1048-1058, 2002.

MELKONIAN, S.; ARGOS, M.; PIERCE, B. L.; CHEN, Y.; ISLAM, T.; AHAMED, A.; SYED, E. H., PARVEZ, F.; GRAZIANO, J.; RATHAOUZ, P. J.; AHASAN, H. A prospective study of the synergistic effects of arsenic exposure and smoking, sun exposure, fertilizer use, and pesticide use on risk of premalignant skin lesions in Bangladeshi men. American Journal of Epidemiology, Baltimore, v. 173, n. 2, p. 183-191, 2011.

MEYER, A.; CHRISMAN, J.; MOREIRA, J. C.; KOIFMAN, S. Cancer mortality among agricultural workers from Serrana Region, state of Rio de Janeiro, Brazil. Environmental Research, Amsterdam, v. 93, n. 3, p. 264-71, 2003.

MODESTO, K. A.; MARTINEZ, C. B. R. Effects of Roundup Transorb on fish: hematology, antioxidant defenses and acetylcholinesterase activity. Chemosphere, Oxford, v. 81, n. 6, p. 781-787, 2010.

MONTENEGRO, M. R.; FRANCO, M. Patologia: processos gerais. 4ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2008. 320p.

MOREIRA, R. J. Críticas Ambientais à Revolução Verde. Revista Estudo, Sociedade e Agricultura, Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, p. 39-52, 2000.

MORENO, N. C.; SOFIA, S. H.; MARTINEZ, C. B. Genotoxic effects of the herbicide Roundup Transorb and its active ingredient glyphosate on the fish Prochilodus lineatus. Environmental Toxicology and Pharmacology, Amsterdam, v. 37, n. 1, p. 448-454, 2014.

OLIVEIRA, N. F. P.; PLANELLO, A. C.; ANDIA, D. C.; PARDO, A. P. S. Metilação de DNA e Câncer. Revista Brasileira de Cancerologia, Rio de Janeiro, v. 56, n. 4, p. 493-499, 2010.

PERES, F.; MOREIRA, J. C. É veneno ou é remédio? agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2003. 384p.

PERTILE, E.; MATIAS, M. I.; RIBEIRO, Z. S.; POETA, J.; RONCADA, C. Evidências experimentais e epidemiológicas entre exposição aos agrotóxicos e o desenvolvimento de câncer de mama. Revista Brasileira de Pesquisa e Saúde, Vitória, v. 20, n. 1, p. 137-147, 2018.

PIGNATI, W. A.; LIMA, F. A. N. S.; LARA, S. S.; CORREA, M. L. M.; BARBOSA, J. R.; LEÃO, L. H. C.; PIGNATTI, M. G. Distribuição espacial do uso de agrotóxicos no Brasil: uma ferramenta para a Vigilância em Saúde. Revista Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 10, p. 3281-3293, 2017.

PLUTH, T. B.; ZANINI, L. A. G.; BATTISTI, I. D. E. Exposição a pesticidas e câncer: uma revisão integrativa da literatura. Saúde em Debate, Rio de Janeiro, v. 43, n. 122, p. 906-924, 2019.

RIBEIRO, L. R.; SALVADORI, D. M. F.; MARQUES, E. K. Genética do Câncer humano. In: RIBEIRO, L. R.; SALVADORI, D. M. F.; MARQUES, E. K. Mutagênese ambiental. Canoas: Editora ULBRA, 2003. p. 29-48.

RODRIGUES, B. N.; ALMEIDA, F. S. Guia de Herbicidas. 5ed. Londrina: Grafmark, 2005. 603p.

SILVA, L. R. L. Princípio da precaução: a incerteza como prerrogativa de segurança da cadeia agroalimentar. Revista de Doutrina e Jurisprudência, Brasília, v. 107, n. 2, p. 268-275, 2016.

SILVA, A. C.; CAMPONOGARA, S.; VIERO, C.M.; MENEGAT, R. P.; DIAS, G. L.; MIORIN, J. D. Perfil socioeconômico de trabalhadores rurais portadores de neoplasia. Revista online de Pesquisa: Cuidado é fundamental, Rio de Janeiro, v. 8, n. 3, p. 4891-4897, 2016.

SINAN-NET. Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Brasília, 2016. [online]. Disponível em: <http://portalweb04.saude.gov.br/sinan_ net/default.asp>. Acesso em: 15 mar. 2021.

SOARES, W. L.; PORTO, M. F. S. Uso de agrotóxicos e impactos econômicos sobre a saúde. Revista Saúde Pública, São Paulo, v. 46, n. 2, p. 209-217, 2012.

SOBREIRA, A. E. G.; ADISSI, P. J. Agrotóxicos: falsas premissas e debates. Ciência & Saúde Coletiva, São Paulo, v. 8, n. 4, p. 985-990, 2003.

SOERJOMATARAM, I.; LORTET-TIEULENT, J.; FERLAY, J.; FORMAN, D.; MATHERS, C.; PARKIN, D. M.; BRAY, F. Estimating and validating disability-adjusted life years at the global level: a methodological framework for cancer. BMC Medical Research Methodology, London, v. 12, n. 125, p. 1-15, 2012.

SPIEWAK, R. Pesticides as a cause of occupational skin diseases in farmers. Annals of Agricultural and Environmental Medicine, Lublin, v. 8, n. 1, p. 1-5, 2001.

STAMATI, P. N.; MAIPAS, S.; KOTAMPASI, C.; STAMATIS, P.; HENS, L. Chemical pesticides and human health: The urgent need for a new concept in agriculture. Frontier in Public Health, Lausanne, v. 4, p. 1-8, 2016.

WAISSMANN, W. Agrotóxicos e doenças não transmissíveis. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 20-21, 2007.

WEICHENTHAL, S.; MOASE, C.; CHAN, P. Revisão sobre a exposição aos pesticidas e a incidência de câncer em estudo de coorte da saúde dos agricultores. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 255-270, 2012.

WHO. World Health Organization. Poisoning Prevention and Management. Geneva, 2021. [online]. Disponível em: <http://www.who.int/ipcs/poisons/en/>. Acesso em: 19 jan. 2021.

WHO. World Health Organization. Preventing disease through healthy environments - Exposure to highly hazardous pesticides: a major public health concern. Geneva: WHO, 2019. 8p.

ZAFAR, M. B.; TERRIS, M. K. Prostate cancer detection in veterans with a history of agent orange exposure. The Journal of urology, Philadelphia, v. 166, n. 1, p. 100-103, 2001.

ZAPATER, T. C. V. Princípio da prevenção e princípio da precaução. In: NERY JUNIOR, N.; ABBOUD, G.; FREIRE, A. L. Enciclopédia Jurídica da PUCSP: direitos difusos e coletivos. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2020. tomo VI. p. 2-31.

Downloads

Publicado

2022-09-02

Como Citar

Garcia, L. V. P., Oliviera , A. K. M. de ., & Matias, R. . (2022). Prevalência de determinados tipos de câncer na população e o uso de agrotóxicos no Estado de Mato Grosso do Sul: uma conexão?. Concilium, 22(5), 157–170. https://doi.org/10.53660/CLM-403-516

Edição

Seção

Artigos